quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Uma descoberta que marcou muitas sociedades

Nos anos 1930's, em resultado do trabalho de um conjunto de cientistas, compreendeu-se que uma mulher não podia ficar grávida se os níveis de estrogénio e progesterona no seu organismo ultrapassassem determinados valores. Estes dois esteróides (assim se chama o grupo de moléculas a que pertencem) impedem que o organismo produza hormonas importantes para que se dê a ovulação. Este conhecimento levou a que se pusesse a hipótese de que seria possível, administrando estes esteróides, controlar artificialmente a fertilidade.

A empresa alemã Schering Laboratories demonstrou grande interesse sobre este assunto e a sua aplicação comercial.  Nos seus laboratórios isolaram, em 1934, 20 mg de progesterona natural de 625 kg de ovários obtidos de 50.000 porcas. Apesar de ser um feito remarcável, isto demonstrava também como era difícil e economicamente inviável  obter a progesterona.por este processo A dificuldade em obter esta substância fez com que o projecto tivesse que ser adiado.

Em 1941, o químico Russel E. Marker, da Pennsylvania State University (USA) descobriu uma forma de sintetizar progesterona, partindo de uma substância chamada diosgenina extraída de plantas. Na altura não conseguiu que a empresa Parke-Davis, com quem colaborava, se interessasse suficientemente pelo assunto e foi para o México (tinha descoberto que uma espécia de inhame mexicano era muito rico em diosgenina), onde criou a sua própria empresa, Syntex,  para produzir progesterona e outros esteróides.

  progesterona

No entanto, o marco decisivo no processo de desenvolvimento dos contraceptivos orais ocorreu quando  o químico Carl Djerassi mais tarde, também na empresa Syntex, sintetizou um outro esteróide a que se chamou noretindrona e que se verificou ser oito vezes mais potente que a progesterona e, ainda mais importante do que isso, activo se tomado oralmente.

 noretindrona

Na altura já vários grupos de investigação, em paralelo, trabalhavam na síntese e teste de esteróides com vista à criação de um contraceptivo oral e foi concluído que a "pílula" era um processo eficiente de controle da natalidade. Foi então submentido à Food and Drug Administration (FDA), nos USA, um medicamento chamado Enovid com este propósito. Este foi aprovado, inicialmente apenas para o tratamento de problemas de saúde, já que a contracepção era um assunto muito controverso. Finalmente, no início dos anos 1960, a situação mudou, já que na prática  muitas mulheres já tomavam o Enovid como contraceptivo. Nos anos que se seguiram a formulação da pílula mudou, tornando-a mais eficiente e com menos efeitos secundários.



Esta foi uma descoberta que mudou radicalmente muitas sociedades por todo o mundo e que foi uma contribuição decisiva para a emancipação da mulher.

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